As Estrelas do Rotary I - Mês de Agosto: Profª Rosélia

Como forma de dinamizar o trabalho desenvolvido no laboratório de informática da E. E. Municipalizada Rotary I, a partir deste mês estaremos divulgando relatos de experiências, projetos, dos professores que compõem nossa equipe, ou seja, as "estrelas" da nossa escola.

Vale a pena conferir!!!

Auto-estima e Letramento

Vivenciando as dificuldades dos alunos que permanecem 2 ou 3 anos na mesma série sem conseguir aprender a ler e escrever pude perceber que estes acreditavam que tais habilidades não faziam parte do mundo deles e estavam na escola porque tinham que estar e que as coisas da vida que aprendiam não tinha nada a ver com a escola, logo esta era um compromisso, uma obrigação, um lugar que estes vinham para ser humilhados ao ver colegas mais novos que eles lendo, escrevendo, sendo elogiados.

Essa experiência me fez lembrar e talvez eu só tenha sido capaz de perceber a visão que estes alunos têm da escola por isso, da forma como eu me alfabetizei. Eu não tenho lembranças boas ou ruins das primeiras séries da escola onde estudei, era de família muito pobre, pais analfabetos, estudava numa escola pública aqui de Campos, no distrito de Santa cruz e era uma daquelas alunas que não era percebida, e morria de medo de ser solicitada. Acredito que não era uma criança agradável, era feia, negra, mal vestida, não perfumada e não entendia nada que se falava em sala de aula. Aquele mundo não era meu, as conversas sobre religião, televisão, hábitos alimentares eu não conhecia, logo não me agradava, mas a noite junto aos meus irmãos lia, descobria palavras onde competíamos eu e meus 5 irmãos de idades próximas quem descobria mais palavras nos jornais que cobriam as paredes da cozinha da minha casa que tinha um fogão à lenha que emprestava as paredes e minha mãe cobria com jornal que trocava toda sexta feira. Hoje eu compreendo que ali me familiarizei com as letras, só não ligava que isto era saber ler igual na escola. Fui avançando de série e só me senti inteligente na sétima série quando fui reprovada nas quatro principais matérias e como já era mocinha me envergonhei e queria passar de ano para sair daquela escola, então eu cheguei a casa comecei a ler os livros em voz alta, estudando, estudando, assim foi em todas as matérias e fui aprovada com notas excelentes e os professores juravam que uma coleguinha minha havia feito para mim, mas, não tinham provas disso.

Começo agora um trabalho com meus alunos do 3º ano de escolaridade, onde busco livros com o maior numero de imagem possível e cada um lê uma história na frente da turma contando de acordo com a sua interpretação, inventando, dando nomes aos personagens, mas já ia me esquecendo, os alunos se sentem em casa, pois eu venho vestida muito simples para a sala de aula, as vezes troco de sandália com um dos meus alunos, alegando que a minha machuca os meus pés, as vezes fico descalça em sala de aula, não ignoro os palavrões, gestos, ou qualquer coisa feia que acontece, falo, brigo, faço comentários, comparações e com isso todos participam das aulas.

Desenvolvo projetos, trabalho a higiene de forma intensa, bem como a cidadania, valores, entre outras coisas e eles já começam a ler e escrever.

Desenvolvo um projeto com o laboratório de informática da Escola Estadual Municipalizada Rotary I, o qual foi montado e divulgado para a faculdade em que curso ( PEDAGOGIA no CEDERJ_ UNIRIO), onde os alunos do 3º Ano escolaridade produzem pequenos textos e digitam no laboratório de informática. Há um grande interesse por parte dos alunos em utilizar o computador e isto os impulsionam a produzir uma frase pelo menos. Neste trabalho eles aprendem a usar o computador, ferramenta importantíssima na época atual, ao mesmo tempo que evoluem na construção da leitura e da escrita. Tal projeto também pode ser visitado através do blog: rosebragaeducando.blogspot.com